quinta-feira, 26 de março de 2009

SITUAÇÃO LINGUÍSTICA DA LÍNGUA SENA

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO CISENA
No que concerne a localização geográfica da língua Cisena, Alfândega (2003), diz que a língua Sena é falada em dois países vizinhos; que são Malawi e Moçambique. No Malawi fala-se no sul, nas zonas de Nsanje e Chiromo, cujas percentagens não temos em mão. Simango (1997), afirma que os dados sobre os falantes do Cisena apresentados pelo senso populacional de 1980, referem-se apenas aos falantes dentro de Moçambique, pois segundo ele existem também falantes do Cisena no Malawi. A mesma informação é corroborada por Lopes (1999), que tem o Cisena como a língua dos habitantes da região da República do Malawi. Com as investigações em curso pudemos encontrar ainda que poucas, algumas comunidades Sena no Zimbabwe. E na República de Moçambique é fado mais concretamente na região central, as actuais províncias de Zambézia, Sofala, Tete e Manica, Sitoe e Ngunga (2000).
Primeiramente, a maioria dos falantes desta língua estava concentrada ao longo das margens do rio Zambeze, desde o Oceano Indico até as montanhas de Lupata-Zumbo, fazendo a fronteira com o Cinyungwe falado na província de Tete.
A língua Sena também é falada ao longo do rio Chire, afluente do Zambeze na margem esquerda ao norte e prolonga-se até ao interior da República do Malawi, na margem direita ao sul, o Cisena estende-se até ao rio Buzi, onde faz limite com o Cindau.


CLASSIFICAÇÃO E NÚMERO DE FALANTES

Conforme a classificação de Guthrie (1967-71), citado por Ngunga (2004), na classificação das línguas Bantu, a língua Sena esta integrada no grupo linguístico N44, sendo ela N40, grupo Senga-Sena.
Segundo Sitoe e Nngunga (2000), e consultores linguísticos de 2005, a língua Sena é constituída por 8 dialectos que são os seguintes:
Citonga, o dialecto com mais números de falantes do Cisena; é conhecido como o mais falado e correcto desta língua. Isso, devido a sua localização e abrangência é falado nos distritos de Maringue, Chemba, Tambara, Guro, Barwe, Gorongoza, Caia e Cheringoma; Cibalwe, falado nos distritos de Barwe, Catandica, Tambara, Guro, e a parte ocidental dos distritos de Gorongoza, Maringue e Chemba (consultores linguísticos, 2005)
Estes e entre outros que iremos referir são as principais variantes da língua Cisena. Ainda temos a referir que não se pode confundir AGOMBE como uma variante do Cisena, pois esta é pura e simplesmente uma designação dos residentes do litoral do Zambeze ou simplesmente ribeirinhos. Apesar disto ter confundido muitos estudiosos do Cisena, esperamos com tudo termos clarificado a essa questão. De igual modo acontece com o CIMPHALA que provém de AMPHALA residentes do interior ou longe do rio. Estes como os AGOMBE têm os seus dialectos.
Alândega (2003), vendo sob o ponto de vista histórico, cita Cabral (1975), que afirma que o Cisena foi a língua com que se familiarizaram os primeiros portugueses que navegaram o rio Zambeze para se introduzirem na corte do Mwenemutapa, principalmente os comerciantes e os missionários que depois escreveram as suas gramáticas e pregaram o Evangelho nesta língua para facilitar a comunicação e transmissão da sua mensagem.
Segundo Ngunga e Sitoe (2000), o Cisena possui as seguintes variantes ou dialectos:
* Sena Caia (Sena do Norte), falado mais no norte, na Província de Tete e possivelmente na Zambézia;
* Sena Tonga , é falado no norte e centro de Sofala e nas fronteiras de Tete e Zambézia.
* Sena Bangwe (Sna do Sul), falado na zona da Beira
* Sena Phodzo, falado entre Sofala e Zambézia de Marromeu ate Chinde e Mopeia (em Zambézia);
* Sena Gombe, fado em Caia, Mutarara, Chemba (litoral), Cheringoma e a parte litoral da Zambézia.
* Sena Gorongozi, falado na área do monte Gorongoza.
As línguas que fazem fronteira com Cisena são: o Cindau, falado na região sul de Sofala, o Cinyungwe e Cinyanja falado na província de Tete e no Malawi; o Echuwabo falado na região central da província da Zambézia.
Simbe (200), citando o INE (Instituto Nacional de Estatísticas), diz que o Recenseamento Geral da população e habitação de 1997, exibe as seguintes percentagens dos falantes do Cisena nas quatro Províncias centrais do País:
Sofala - falantes do Cisena - 604.690 (46.9 %);
Zambézia - falantes do Cisena - 222.669 (7.7 %);
Tete - falantes do Cisena - 133.919 (11.7 %);
Manica - falantes - 104.240 (10.7 %).
Tendo assim em média um universo de 1065.518 falantes por todo o país. E deste modo é considerada a segunda maior língua a nível do território Nacional (moçambicano) depois de Emakwa.
Como considera Cabral (1975), o Cisena é uma língua que ainda conserva, em termos proporcionais muitos traços das línguas Bantu.